Livro “Leve Tiros no coração”
JUSTIFICATIVA DO GÊNERO E FORMATO ESCOLHIDO
Após inúmeros trabalhos realizados nos primeiros cinco períodos do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário de Patos de Minas-MG (UNIPAM), onde o foco estava em responder as seis perguntas básicas do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por que, eis que surge a oportunidade dos graduandos do curso de enfrentar quem sabe, o maior desafio até aquele momento, o livro-reportagem.
Resultando da simples compilação de reportagens já publicadas (coletânea) ou do trabalho concebido e realizado em termos jornalísticos, o livro-reportagem nos possibilita ver a transformação da notícia em reportagem, onde o jornalista acaba descobrindo procedimentos de narração ainda mais complexos e os coloca em prova. Para Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari (1986), dois elementos são indispensáveis na construção da reportagem: o “quê” e “quem”. Sem eles fica impossível formar qualquer história.
Seguindo o mesmo que a reportagem, o livro-reportagem retrata os acontecimentos com as informações ainda mais ampliadas. Ele diferencia dos demais meios publicáveis por se aprofundar em três aspectos: “quanto ao conteúdo, pois trata de assunto em que a veracidade é fundamental; quanto ao tratamento: linguagem, montagem e edição de texto e quanto à função: informar, orientar e explicar” (LIMA, 1995, p. 30).
O livro reportagem distingue-se das demais publicações classificadas como livro por três condições essenciais: 1. Quando ao conteúdo, o objeto de abordagem de que trata ao livro-reportagem corresponde ao real, ao factual. A veracidade e a verossimilhança são fundamentais. (…) 2. Quando ao tratamento, compreendendo a linguagem, a montagem e a edição do texto eminentemente jornalístico. (…) Incluindo o projeto gráfico, os sistemas analógicos –ilustrações, fotografias, charges, cartuns – e o sistema linguístico em si, este abrangendo as manchetes, os títulos, os textos, as legendas. (…) 3. Quanto à função, o livro-reportagem pode servir a distintas finalidades típicas ao jornalismo, que se desdobram desde o objetivo de informar, orientar, explicar. (…)
Proposto na disciplina de Jornalismo Especializado I, no segundo semestre de 2017 e ministrado pela professora Cíntia Aparecida Siqueira, este se distingue dos demais tipos de livro pelo aprofundamento de reportagem, sendo assim é abordado em seu conteúdo as origens, implicações e desdobramentos de uma determinada situação, além de apresentar os personagens envolvidos nele, humanizando-os. E também por três condições essenciais: conteúdo, tratamento e sua função, já citados acima, que Lima (2009, p. 26), traz com mais profundidade:
Segundo Xavier (2010) “a conceituação de livro-reportagem exige uma reflexão prévia sobre o espaço da reportagem no jornalismo contemporâneo e na trajetória histórica do jornalismo enquanto discurso próprio”. O gênero faz parte do jornalismo literário e narra uma reportagem que supostamente não seria vinculada em veículos convencionais do meio jornalístico, a exemplo, revistas e jornais, se tornando o mais difícil de se desenvolver.
Livro-reportagem é o veículo de comunicação impressa não-periódico que apresenta reportagens em grau de amplitude superior ao tratamento costumeiro nos meios de comunicação jornalística periódicos. Por grau de amplitude superior, se entende maior ênfase ao tratamento do tema em foco nos aspectos extensivo e intensivo. (LIMA, 1998).
“Em uma definição quase acadêmica, é possível dizer que livro-reportagem (…) por suas características, não substitui nenhum meio de comunicação, mas serve como complemento a todos” (BELO, 2006, p. 41). Ainda para o autor, jornalismo e história caminham juntos e quando têm a preocupação da relevância, credibilidade e perenidade dão ainda mais certo (2006, p. 96).
Desmiuçando essa vertente, Lima (2009) propõe uma classificação que chega a treze tipos de livros-reportagens existentes:
“A variedade de livros-reportagens existentes, distintos quanto à linha temática, aos modelos de tratamento narrativo, conduz à possibilidade de classifica-los em diferentes grupos. Desejo propor um critério que toma por base dois fatores intrinsecamente relacionados entre si: o objetivo particular, específico, com que o livro desempenha narrativamente sua função de informar e orientar com profundidade, e a natureza do tema de que trata a obra” (LIMA, 2009, p.51).
Para o referente trabalho, foi escolhido a categoria livro-reportagem-retrato que se parece com o livro-reportagem-perfil, “mas ao contrário deste, não focaliza uma figura humana, mas sim uma região geográfica, um setor da sociedade, um segmento da atividade econômica, procurando traçar o objeto em questão” (LIMA, 2009, p.53). O mesmo, tem como foco o despertar para o lado educativo e tem um grande público não especializado, que pode não ter conhecimento específico sobre determinado assunto abordado.
Mas a classificação citada acima, não impede que uma nova categoria seja criada, uma vez que conforme Lima (2009, p.59) essa proposta “não pode ser considerada final, porque novas variedades podem surgir, em decorrência da flexibilidade e da criatividade peculiares ao livro-reportagem”.