Festeatro 2018: Saiba como foram as apresentações

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Os quatro dias de teatro retratados em forma de resenha crítica

O Festival de Teatro (Festeatro) é a única premiação _no que diz respeito à uma manifestação artística (o teatro)_, existente em nossa cidade. E como não é diferente, todos os anos um time de jurados é escolhidos pela a organização (Patrimônio Cultural de Tiros – Patrimônio Tiros) e após indicações de terceiros, para analisar as peças apresentadas e seus respectivos atores e atrizes. Nesse ano, tive a honra de ser convidado para compor o júri, ao lado da organizador de eventos, Giselda Cássia, da Secretária de Educação, Rosiane Lima e da Empresária, Eledina Andrade, no qual me sinto muito agradecido. Mesmo sendo novo, busquei julgar da melhor forma possível, torcendo a todo o momento para que todos se saíssem bem nos espetáculos. Ao fim de cada noite, pude transcrever pontos positivos e negativos vistos nas apresentações dos grupos teatrais, que você pode lê abaixo:

Foto: Divulgação

O Festeatro 2018 começou… Não podia começar melhor… “Encantados” estamos. Era isso que o nome da peça nos pedia: “para que encantados ficássemos”. O texto de Oswaldo Montenegro, adaptação de Manoel Gioncarlo, e readaptação de Luciano Lander, colocou o mesmo e Lu de Paula para direcionar os alunos do Ensino Fundamental I, do Centro Educacional Eduque para que os mesmos, que formam o Grupo Crianças no Palco (GCP), pudessem chegar nesse dia de hoje (22/10), preparados para uma belíssima apresentação.

Apresentação essa que colocou todas as crianças na primeira fila, fazendo delas parte da história, levou todos os pais que orgulhosos de seus filhos mobilizaram e ajudaram como puderam ao longo desses incansáveis dias de ensaios… deixando os presentes tocados, pela história, pelos personagens, cenário, figurino e mais importante, pela “moral da história”.

Você pensou que seria apenas um conto de fadas, com a Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mal (ou melhor, a Loba Má), Cinderela e todo o elenco? Se enganou. Nessa história de “Encantados”, eles até que estavam presentes mas a moral era justamente fazer com que eles nunca saíssem de cena, permanecendo em nossos lares, em nossas crianças, em nossos sonhos.

Afinal podemos um dia crescer, mas o mundo cheio de crianças ainda estará e elas são a fonte para que esses personagens e essas histórias sobrevivam, elas são o encanto, a gentileza e o companheirismo. Como foram esses atores e atrizes: que souberam ser gentis em cena, quando o colega por consequência do destino, deslizou… que souberam ser companheiros uns dos outros, sem precisarem roubar a cena, respeitando cada fala e jeito do amigo que se apresentava… que souberam ser encantados, se encantando e encantando a todos com esse belo trabalho que hoje entra para a trajetória do nosso querido Festival de Teatro de Tiros-MG, sob realização do Patrimônio Municipal.

No segundo dia do Festeatro 2018, a peça infantil escrita por Ivana Andrés e dirigida por Viviane e toda a equipe da Escola Municipal Sebastião Dias, “Peripécias de uma Abelhuda Maluca”, colocou os alunos (47 crianças) do Grupo Teatral NTK (Novos Talentos Kids), para representarem o universo de uma colméia de abelhas.

Essa aventura em amarelo e preto, que trazia a pureza e beleza de coloridas flores em um dia de sol, fez com que os personagens pudessem fazer proezas e ao mesmo tempo se divertir, a partir de como seria a vida em uma colmeia, onde a rainha dominante pode perder o posto quando a colônia sente que está na hora de uma substituição. Com duas personagens na briga pelo poder ao trono da Colmeia Flor de Lótus, as abelhas operárias do grupo que parecia mais potente, fez de uma delas a nova soberana, obrigando a outra que também estava na briga, a se mudar para outro lar, já que normalmente existe uma única rainha em cada colmeia.

Mas as peripécias começaram bem antes disso. Tudo porque três zangões queriam entrar na colmeia. Enxerida, a Abelhuda Maluca chega em cena e logo dá um jeito de colocar todo mundo para dentro tendo que enfrentar as abelhas soldadas que barravam a entrada. Em troca os zangões ofereceram a ela, o caminho para encontrar a comida exclusiva que prolonga a vida da rainha em 5 anos, a Geleia Real.

O desenrolar da trama, colocou flores, abelhas e zangões a contracenar na maioria das cenas juntos, deixando o palco movimentado e cheio de vida (com muita dança e música), literalmente como é a vida dentro e fora da colmeia, onde inúmeras abelhas contracenam com as flores, pela busca do néctar e trabalham lado a lado com outras abelhas pela produção do mel. Nessa harmonia, seja no palco do teatro, na colmeia ou mesmo nos palcos da vida o bom foi ver que a união e quantidade não estava apenas na peça, mas também na plateia, que lotou o Salão do Clube Ipê Campestre para prestigiar nossos pequenos atores e atrizes, nesta história que agora é parte do Festeatro.

Formada em 1994, Sandra Peres e Paulo Tatit, criaram o “Palavra Cantada”, que surgiu com o objetivo de produzir canções para a garotada, respeitando a inteligência e a sensibilidade infantil, coisa rara no mercado fonográfico. Um dos grandes e maiores sucessos da dupla é a canção “O Rato”, que foi escolhida para ser um espetáculo na noite dessa quarta-feira (24/10), no 3° dia do Festeatro 2018.

A música, bem lindinha por sinal, conta a história de um Ratinho que quer se casar. Porém eu nunca vi, na história de toda a humanidade, um Ratinho tão volúvel e sem vergonha como esse. Como sua primeira opção, a Lua não aceita o pedido, dando uma desculpa que ela não é boa para ele. Sem desistir, ele persiste com a Nuvem, mas a chama de gorda e leva outro fora, o fazendo tentar a sorte com a Brisa. O toco é inevitável mais uma vez. Jogando seu charme para uma Parede, o Ratinho não tem sucesso e após quatro foras ele ainda esta lá, firme e forte, querendo se casar. Até que chega uma Ratinha, que não se segura de encantos por ele, onde finalmente todo o desenrolar da trama acontece.

Com direção de Daise Pessoa, Dayane Araújo e professoras da Escola Municipal João Francisco Capetinga, a peça “O Rato, Palavras Cantadas” fez o Grupo de Teatro JFC inovar e apresentar pela primeira vez na história do Festival de Teatro de Tiros, um teatro encenado e “totalmente cantado”, na ocasião, sendo classificado como Teatro Musical, uma forma de teatro que combina música, canções, dança e diálogos falados.

Uma audácia tamanha, bastante elogiada pelo público presente. As letras das músicas que compunham a trilha sonora, os passo das danças e a musicalidade e desenvoltura dos atores/cantores, foram perfeitas para estimular a descoberta de sentimentos e admirações das mais diversas formas na plateia. E como todo história, a moral de “O Rato”, também no coloca a pensar nas circunstâncias que não deixaram os atores e equipe desistir facilmente. Porque é justamente isso: não desistir. Tentar, insistir, fazer de tudo para conseguir. E se isso não ocorrer, aí sim é hora de dar um passo para trás e ir tentar novas conquistas.

É preciso saudar com entusiasmo a apresentação da peça “A Cigana Esmeralda”, texto escrito por José Mayke Silva, com direção de Karla Mirelly e Andréa Ferreira e apoio de professores e funcionários da Escola Estadual Padre José Coelho. Tudo porque, no quarto e último dia das apresentações teatrais do Festeatro 2018, o público presente teve a honra de acompanhar, “a melhor apresentação do Grupo Teatral JTê (Jovens Talentos) já vista”, pelo menos por esse e na opinião desse que aqui escreve.

Após oito anos de história, a companhia que é a única que permanece desde a criação desse festival, inovou no tema, enredo, ambientação e linguagem e teve o mérito de resgatar diversos costumes do povo cigano. Todos os ensinamentos e conhecimentos da cultura cigana dependem exclusivamente da transmissão oral, onde os mais velhos ensinam aos mais jovens e às crianças os conhecimentos do passado, o pensamento e a maneira de viver herdados dos ancestrais. Momento muito bem colocado na peça, onde os ciganos da trama puderam também valorizar as profissões que esse povo tem com mais frequência: o comércio e as artes. Muitos são músicos e dançarinos, que surgem com suas melodias, passos marcantes, trazendo alegria e energia contagiantes para os recintos onde se apresentam, como foi a apresentação na noite do dia 25/11, cheia de encanto, música e dança. A trama deu destaque e levou o nome de Cigana Esmeralda, uma jovem mulher de lindíssimos cabelos pretos, olhos verdes e sorriso alegre, construindo um enredo onde a mesma vivia uma bela e emocionante história de amor.

O teatro, ou seja, texto mais espetáculo, só existe quando ele é apresentado diante de um público e há uma “interação emocional entre o palco e a plateia”, ato que aconteceu à todo o momento durante apresentação dessa história, que teve roteiro “totalmente inédito”. Além disso, pela primeira vez, após inúmeras peças assistidas, “todos os atores surpreenderam muito” na interpretação e articulação de falas e gestos de expressões momentâneas (o corpo fala), nas pisadas no palco (presença marcante), com concentração únicas de maravilhosos atores (estamos diante de talentos raros). Hoje, fica visível a mudança dos intérpretes com mais anos de dedicação e experiência no grupo, que colhem bons frutos, estando em suas melhores fases de atuação.

Se o seu personagem está sujeito a dançar e interpretar, faça isso do início ao fim, não dando margem para análise negativa perante ao público e jurados, porque o que vale é o conjunto da obra e não só o que você fala em cena. Digo isso, apenas para lembrar que foi justamente isso que aconteceu na peça de ontem. Todos fizeram o seu dever de casa, com serenidade, delicadeza com cada passagem e presença cênica invejável. Às vezes, para ser um bom ator, não é necessário carregar textos nas costas, mas sim apenas ter a capacidade de alcançar com toda a sua alma, um personagem, te transformando em uma outra pessoa no palco. Em resumo, a peça analisada trata-se de uma produção especialíssima que vale a pena ser vista e revista em todas as oportunidades. O grupo por traz desse grandioso trabalho, merece vida longa e radiantes me deixaram extremamente gratificado ao assisti-los, ainda mais por um dia eu já ter feito parte dessa história. O orgulho hoje é maior ainda, porque eu sei que foi com amor, que foi dado o máximo e o melhor de vocês.

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